quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

São Silvestre: a pior e a melhor de todas.


Toda corrida é diferente, tem sempre algo novo, o trajeto, o clima, ou até mesmo você. Isso, você também muda. Cada dia você é um, diferente das outras vezes, assim tudo pode variar, desde seu estado de espírito até o quanto de fato você se preparou.

Cada corrida traz uma nova lição e acredito que isso vale até mesmo para o mais experiente dos corredores. Pode até ser que você não se dê conta, mas sempre existe uma lição para se aprender em cada corrida que se faz.

Ontem na São Silvestre foi assim, pelo menos para mim.

Diz a sabedoria popular que só morre afogado quem sabe nadar, quem não sabe no máximo molha as canelas e pelo que me consta nunca ouvi falar de alguém que tenha empacotado nessas condições.

A experiência, via de regra, é algo que deve ser um ponto a favor, uma vantagem em tese...bom...em tese. Por outro lado, a experiência pode se disfarçar numa grande armalhida, basta que você deposite nela, uma pitadinha que seja da sua dedicação. Em outras palavras, confiar na sua experiência para abrir mão da devida dedicação certamente lhe trará um custo.

A minha quarta São Silvestre me trouxe essa lição.

Para mim essa foi a pior e a melhor de todas.

Se cada corrida é diferente da outra (mesmo que seja a mesma), na São Silvestre essa máxima é mais que verdadeira. Já corri São Silvestre na chuva, com sol de rachar, com mormaço, só não corri ainda com frio o que desconfio que nunca irá acontecer.

Ontem fiz o que considero o pior de meus tempos na mesma ordem de grandeza de quando fiz minha primeira São Silva, mas acabei bem estragado, diferente da primeira vez quando cheguei sobrando. Mas se o tempo foi o mesmo o que diabos então teve de diferente?

Tudo!

Desde o quanto de fato me preparei, até minha alimentação no período pré-prova. Na primeira vez, corri com medo de não conseguir completar a prova, me preparei como nunca até e desde então. Cheguei com sobra. Ontem ao contrário, havia me preparado o "suficiente", ledo engano, descoberto dolorosamente a cada passada, principalmente após o décimo quilômetro.

Se na primeira vez a falta de experiência funcionou no sentido de ter que buscar meu melhor, ontem a experiência acumulada fez com que me acomodasse, fazendo surgir uma "continha" a ser paga.

Se por esses aspectos essa foi minha pior São Silvestre, outros a fizeram a melhor delas.

De cara larguei tendo ao meu lado pelos primeiros quilomêtros a companhia do Raul, dono da loja especializada de artigos espotivos, Fast Runner. Por obrigação de ofício e por trajetória atlética sua experiência é notória fazendo de sua companhia um privilégio e tanto.

Era também a primeira São Silvestre da Regiane, minha cunhada, e do Daniel Bunduki (companheiro de trabalho e de corridas) e poder estar lá nesse dia tão importante para eles também foi muito legal.

Desencontramos do Dani, mas isso não impediu de mandar bom fluídos para ele, que segundo minhas informantes de arquibancada (minha mãe e minha sogra) completou a prova muito bem. Moço novo é uma beleza, aliás o Dani vai ser papai então meus parabéns para ele e para a Valquíria, a new mammy do pedaço.

A Regiane fez uma prova brilhante, um relógio, o mesmo ritmo do começo ao fim, chegando super bem, inteirona. Mais uma façanha do Jaspion, o que esse cara consegue...Ela deve ostentar sua medalha de concluinte da prova com o maior e mais justo orgulho do mundo. A cereja do bolo foi estar chegando próximo da linha de chegada e ouvi-la me chamando. Cruzamos a linha de chegada quase juntos, já que como bom cavalheiro e atleta dei a ela essa exclusividade mais que merecida. Aquele era uma momento dela, só dela. Poder testemunhar sua emoção me fez voltar no tempo e sei exatamente o que ela sentiu.

A companhia de minha esposa na prova também é um privilégio e tanto. Mesmo que seja somente até a largada, já que ela é um pé de vento, corre que só ela. Enquanto a maioria dos corredores tem que administrar o humor da companheira quando sai para correr, eu ao contrário tenho uma corredora como companheira e para variar como tantas coisas em nossa relação, sou eu quem faço as vezes da mulher e pego no pé dela. Nossa amiga é um viciada em medalhas, um "Mutley" preso no corpo de uma mulher, o que faz com que ela não perca uma única corrida, tem medalha ela está lá.

De tudo de bom que essa prova me deu, o melhor mesmo foi o quanto eu consegui me superar. Acredito que superei mais um de meus limites. Mesmo tendo já feito provas mais longas e desgastantes, nunca antes precisei tanto usar minha cabeça (para não arregar). Nunca o percurso havia exigido tanto de mim, ainda nem sei bem ao certo como consegui resistir a tentação de dar uma andadinha que fosse, mesmo no meu passinho de elefante, fui chegando...

Se faltou treino (e faltou e muito) acabei descobrindo uma nova fronteira de meu limite mental, que espero não ter que usar na próxima São Silvestre, com treino fica mais fácil e prazeroso.

Descobrir esse limite não me inocenta de minha falta como corredor, essa é a lição que tem que ficar.

P.S. Depois de um puxão de orelha de minha esposa e ainda que tardiamente mais um registro. Assim como nos anos anteriores fomos recebidos pela galera do Bicbanco, que aliás sempre esteve comigo desde o começo. Nesse agradecimento não posso deixar de citar aquele que tenho o privilégio de sua amizade: Eduardo Austregésilo, "mai bródi" Du. Quem tem bom coração tem como o dele não mais.

7 comentários:

  1. Grande Guru das Corridas (você sempre será o meu). Compartilho com a segunda opinião. Foi para mim a melhor SS, contando com a minha pequena experiência, pois foram apenas 3 SS. Já corri com chuva, a primeira; corri com muito calor, a segunda e agora com uma temperatura, que apesar de não ser a ideal, não comprometeu.
    O meu treino foi fundamental, pois venci com certa facilidade o percurso que assusta muitos corredores.
    Não tive o prazer de concluir a prova com um amigo que começou comigo, pois a falta de treino e uma gripe mal curada fizeram com que ele "quebrasse".
    Resumindo, foi uma grande corrida, bem organizada, com um público muito vibrante e uma emoção como se fosse a primeira vez.
    O ano mal começou e já estou de olho no calendário. Pretendo fazer provas mais longas e os treinos serão desgastantes, mas será mais uma demonstração de superação para alguém, que como eu, que fui um sedentário convicto e que graças a você, mudou de opinião e atitude.

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  2. Lalá,

    Agradeço pela visita e pelas palavras.

    Tenho muito orgulho de fazer parte dessa sua estória de conquista, mas tenha sempre em mente que o grande mérito é seu, por sua dedicação e força de vontade.

    Seu limite é sua capacidade de sonhar...você vai longe.

    Abração



    P.S. Minha melhor São Silvestre teve você companhia.

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  3. Fala Má!

    Me identifiquei no texto viu!

    Quem corre 15km não necessariamente corre outros 15km, me preparei, fiz o treino do percurso da São Silvestre, fizemos praticamente juntos a Gonzaguinha e me achei o máximo... agora na prova mesmo, sofriiiii viu e como sofri, nos primeiros 10km já estava acabado, primeiro pelo horário, depois pelo quantidade de pessoas, mas completei (sem sobras) HEHEHHEHEHEHE.

    Quero deixar aqui registrado o quanto admiro este amigo de corrida e trabalho (embora sem muito contato) e que a corrida de alguma forma nos aproximou dado que trabalhamos, acho que, 8 anos na "mesma" empresa e o maior contato e bate-papo, por incrível que pareça, é durante a corrida...

    Um abraço,

    Do novo monstrinho das corridas... Dani

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  4. Dani,

    Agradeço de coração pelas palavras.

    Estamos aí e 2009 é nóis...

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  5. Você sabe que foi um dos maiores incentivadores da minha estréia nas corridas... no início não existia um incentivo "falado", mas era um incentivo "sentido". De forma que apareci em minha primeira corrida, vestida de forma inapropriada rs, mas a energia de estar entre pessoas tão civilizadas, cresceu uma grande paixão... e a tal mosquinha da corrida me picou... Mas costumo dizer que a minha entrada na corrida mesmo, foi quando comecei a treinar... e você me patrocinou e trouxe o Jaspion "nosso" mestre!!! Em um dos meus treinos no percurso da São Silvestre eu brincava ao término do treino... agradecendo...
    E era assim... "Quero agradecer primeiramente a Deus por me dar saúde para aguentar o pique, ao meu patrocinador e incentivador Marcelo, por me apresentar esse esporte maravilhoso, ao Jaspion por me treinar brilhantemente e aos meus pais" sem saber se conseguiria terminar, ainda bem que consegui e posso sonhar mais um pouco... porque sem sonho não há realidade... e hoje eu posso, eu consigo...

    O B R I G A D A !!!

    Bjks

    Regiane

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  6. Má,
    Vc sabe que tenho vocês todos em meu coração.
    A resposta também tardia se deve à pressa de ler aquilo que vc escreve assim que sai do forno!!!
    Abs

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  7. Má, você sabe que vocês moram no meu lcoração e é sempre um baita prazer recebê-los por aqui. Afinal de contas começamos juntos na SS.
    A resposta também tardia se deve a avidêz com que leio aquilo que você escreve, basta sair do forno...
    Abs

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