sábado, 13 de novembro de 2010

Tiririca Free!

Se a candidatura de Tiririca deu o que falar sua eleição então...

Durante o processo eleitoral levantou-se a possibilidade que Tiririca não fosse alfabetizado, não sendo assim elegível.

O registro da candidatura exige apenas uma declaração de próprio punho como forma de comprovar a alfabetização do candidato. Com as atenções voltadas para Tiririca surgiu então essa dúvida, mas e os demais eleitos todos são de fato alfabetizados?

Durante essa semana submeteram Tiririca a um inédito teste de alfabetização, do qual não se sabe bem ainda o resultado até por que “alfabetizado” é um termo que pode ganhar uma razoável dose de subjetividade, afinal entre ler e interpretar um texto existe um fosso colossal a ser transposto.

Tiririca Free!
Além da questão sobre ser ou não alfabetizado, recai sobre Tiririca a acusação de que teria cometido crime ao supostamente forjar uma declaração de próprio punho.

Esse episódio nos traz uma série de constatações e possíveis reflexões.

Quanto à autoridade eleitoral fica a dúvida: qual o motivo (já que é necessária alfabetização) dos candidatos não serem previamente submetidos a um teste padrão constatando previamente se são ou não aptos a se elegerem?

É verdade que o ENEM tem nos demonstrado que realizar exames em grande escala parece não ser nosso forte, mas ainda assim me parece ser o meio mais razoável e justo para essa questão.

Do Ministério Público, uma vez que contesta a veracidade da declaração de Tiririca, se espera um tratamento equitativo fazendo um levantamento generalizado de todos os candidatos eleitos ou não. Será que somente Tiririca burlou a declaração, se é que o fez?

Ora será que o mesmo Ministério Público é tão rigoroso com as “taxas de sucesso”, com os “recursos não contabilizados” ou mesmo com as recentes “inconsistências contábeis”?

A grande reflexão, porém não diz respeito aos procedimentos da autoridade eleitoral ou sobre a conduta do Ministério Público e sim para qual de fato é a vocação democrática de nossa sociedade.

Pau que bate em Chico tem que bater em Francisco, ou se aplica a lei a todos os candidatos, ou que se dê voz às urnas...

Ora, vexatória ou não, a eleição de Tiririca, antes de legal é legítima, é reflexo de nossa sociedade, de nossa desesperança, de nossa cidadania e educação (ou falta delas).

Impedir a posse de Tiririca é calar seus 1.350.820 eleitores, “abestados” ou não, eles merecem serem ouvidos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um país dividido.

Dilma Rouseff foi eleita a primeira presidente mulher do Brasil. Há quem veja nisso algo de histórico ou avanço de alguma ordem, não é meu caso.

Para mim pouco importa o gênero ou mesmo a orientação sexual de um governante, o que conta (ou ao menos deveria contar) é sua capacidade de gestão, orientação ideológica e biografia (ou ficha corrida dependendo do político).

Não votei em DiLLma, mas antes de tudo sou brasileiro e desejo a ela toda sorte do mundo. Vai precisar...

DiLLma herda um país que sai dividido das eleições. Dividido regional, intelectual e ideologicamente. Enquanto DiLLma venceu nas regiões Norte e Nordeste, Serra obteve melhores resultados no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, a mesma relação se dá também entre os que tem um menor e maior nível de escolaridade respectivamente.


Semelhança ou coincidência? Clique e veja.


Com ânimos menos aflorados a presidente terá de fazer o país voltar a normalidade da disputa republicana. Não será uma tarefa simples.

Se no congresso DiLLma parece ter folgada base parlamentar, o eleitorado na esfera estadual está bem dividido pendendo para a oposição.

DiLLma foi eleita é verdade, mas para isso contou com um cabo eleitoral com mais de 80% de popularidade além da máquina governamental, assim seus 56% não chegam a ser grande mérito e não devem lhe render uma lua de mel muito longa. Vale lembrar que nas vezes que LuLLa foi eleito obteve mais de 60% dos votos.

O novo governo deverá manobrar com habilidade sua maioria. Um rolo compressor agora com a oposição aparentemente "machucada, arisca e ressuscitada" pode ser um tiro no pé.


Rolo compressor governista?
Durante os oito anos do governo LuLLa pouco se avançou em termos de reformas estruturais e as reformas fiscal, previdenciária e partidária não saíram do papel.

Tomara que eu esteja enganado, mas não vejo mudanças no horizonte. Reformas implicam em enfrentar privilégios o que definitivamente não tem sido o forte do PT no governo, pelo contrário...

Há quem pense que essa nova etapa do PT no poder deva ser mais noticiada nas manchetes políticas do que policiais. Será? Se com a mão de ferro de LuLLa (muito maior que o PT) não foi assim e brotaram aloprados, com DiLLma será diferente mesmo? Não creio e torço sinceramente para estar errado. Tomara...

Institucionalmente o avanço que essa eleição traz para o Brasil é que por um lado teremos um governante que com menos carisma irá ter que trabalhar mais e de outro lado o aparente ressurgimento da oposição no país. Já não era sem tempo...