sábado, 3 de janeiro de 2009

Até quando?


Acompanho angustiado o conflito que toma a Faixa de Gaza.

Tenho 41 anos e cresci acompanhando pelo noticiário as várias fases desse conflito que parece (talvez seja mesmo) infindável.

Seria o máximo da pretensão emitir uma opinião fechada sobre uma questão tão complexa que atravessa séculos de História e que se agravou desde a criação do Estado de Israel após a Segunda Grande Guerra.

É ingênua qualquer análise histórica que leve em conta qualquer conceito de justiça seja ele qual for. Especialmente pelo o quanto o que se entende por justiça pode variar pelos tempos e pelas culturas.

É o equlíbrio de forças que determina a relação entre os Estados não existe um único registro histórico que aponte em direção contrária. Vale lembrar a passagem quando Napelão questionado pelo Papa sobre seu expansionismo beligerante, argumenta:

- O Papa tem fuzil? Se não tem...

Assim tem sido pelos tempos...será sempre assim, o famoso quem pode mais chora menos.

Ninguém em sã consciência pode concordar com os bombardeios realizados por Israel, mas acredito que a questão vai além de concordar, antes disso trata-se de entender, de tentar analisar.

Por convicção sempre fujo das análises que me parecem mais retas, óbvias. A vida me ensinou que o óbvio sempre é um caminho perigoso.

Uma frase atribuída a Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestina, culpando o Hamas pelo ataque israelense veio bem de encontro com minha percepção sobre a questão.

Hoje a população palestina ocupa dois territórios a Faixa de Gaza, sob forte influência do Hamas e a Cisjordânia onde a influência maior é da Fatah, dois movimentos (partidos) que dividem a representatividade palestina.

Somente a Faixa de Gaza sofre com os ataques de Israel, na Cisjordânia, relatos apontam para uma situação de normalidade cotidiana.

O movimento palestino hoje é dividido. Enquanto o Fatah admite a existência de Israel, em linha diametralmente oposta o Hamas tem como fundamento principal de suas convicções a utilização de todos os meios necessários para a destruição do Estado Judaico, incluindo-se aí o terrorismo.

Diferente do que possa imaginar o senso comum no mundo Ocidental, foram muitos os avanços registrados na região ao longo dos anos na busca da Paz.

O primeiro acordo visando pacificar a região aconteceu em 1978 entre Israel e Egito, representados por Menachem Begin e Anwar Sadat rendendo a seus signatários o Nobel da Paz.

Um outro passo importante para a paz foi dado em 1994 ao se firmar um acordo enrtre a OLP (Organização para Libertação da Palestina) representada por Yasser Arafat e Israel representado por Yitzhak Rabin e Shimon Perez, Primeiro-Ministro e Ministro para Assuntos Estrangeiros israelenses.

Na ocasião a OLP reconhecia o direito de existência do Estado Judaico que em contrapartida aceita a criação a Autoridade Palestina inciando um processo de transição de poder visando passar para os palestinos o controle sobre as regiões da Cisjordânia e Faixa de Gaza. Um passo premiado novamente com o Nobel da Paz.

São os radicais, de ambos os lados, que sempre atentam contra a estabilidade. Vale lembrar que foi um judeu o repsonsável pelo atentado que tirou a vida de Yitzhak Rabin. O mesmo vale para o momento atual. A violação da trégua, com o lançamento de foguetes contra Israel, abriu caminho para o atual ataque.

É óbvio que se pode argumentar, aliás de forma bem razoável, que a resposta judaica é desproporcional gerando um número inadimissível de vítimas civis, lamentavelmente entre elas muitas crianças. São por perdas assim, inevitáveis em situações como essa, que a guerra deve ser evitada a todo custo. Uma verdadeira liderança deveria ter como principal e inegociável valor a preservação de sua população. Nenhum valor de ordem religiosa, econômica ou qualquer que seja deveria ser anterior a essa premissa.

A existência de Israel é um fato consumado, como da mesma forma a presença milenar do povo palestino na região. Argumentar sobre isso é perda de tempo. É necessário se atentar aos fatos que já são concretos para que se possa evoluir a partir deles. Passa inevitavelmente pela tolerância o caminho para a paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário