sábado, 4 de julho de 2009


Dias atrás recebi um torpedo de meu irmão: Michael Jackson morreu.


Incrédulo, fui pesquisar na Internet. Começaram a pipocar notícias confirmando a morte do astro pop.


Essa mesma incredulidade de que fui tomado parecia ser recorrente, era como se ninguém acreditasse que Michael Jackson pudesse morrer. Era como se de repente nos déssemos conta de sua fragilidade humana em contraposição com a divindade que aprendemos associar a imagem do astro.


Recentemente havia sido anunciado o retorno de MJ aos palcos numa série de 50 shows em Londres, seria a manobra para resgatar a carreira do astro que andava no ostracismo nos últimos tempos.


Ansiosos os fãs pelo mundo em minutos esgotaram os ingressos para a série de shows.


Acredito que muitos desses fãs nunca tiveram o privilégio de ver o astro em ação e essa seria uma oportunidade imperdível para constatar ao vivo do que o prodígio dos Jacksons Five era capaz.


Fui um dos privilegiados que assistiram ao show de Michael Jackson no Brasil. Um dia para não se esquecer. Uma produção como eu nunca havia visto antes. Aliás, eu não, o Brasil nunca presenciara algo daquela magnitude.


A abertura do show já pagava o ingresso e era a expressão mais fiel da relação de Michael com seus fãs. Em meio a uma explosão o astro surgia num salto como se fora um felino dando um bote. Imóvel o astro postava-se no centro do palco, permanecendo assim por infindáveis segundos, talvez minutos. Era como se aquela manobra tivesse por objetivo permitir que seus fãs ao mesmo tempo em que descarregavam a adrenalina da espera, admirassem o astro, ali imóvel como se fora uma imagem de si mesmo, uma imagem a ser cultuada, como numa liturgia religiosa. Mais que fãs, Michael arregimentou ao longo de sua carreira, seguidores com paixão fervorosa como aquela comum aos fanáticos religiosos.


Tudo parece já ter sido dito sobre Michael. Do menino que não teve infância tendo que se tornar um adulto precocemente ao adulto que como Peter Pan insistia em não querer crescer. Assim como sempre, mas mais que nunca, sua vida nesses últimos dias foi revirada nos mais íntimos detalhes. Seus filhos expostos. Suas mazelas iluminadas com a mórbida luz do “interesse público”.


Mesmo que ainda insepulto, o espólio de Michael Jackson já mobiliza exércitos que travarão uma sangrenta guerra. É a miséria humana em uma de suas mais puras formas.


No fim das contas se o frágil corpo de Michael Jackson não resistiu, se o corpo do astro sucumbiu pelas marcas que sua história de vida lhe impôs, o astro, agora um mito para sempre estará mais vivo do que nunca. Com sua morte física, Michael além de enfim poder descansar em paz, irá retomar o lugar que sempre foi seu, de um astro único e inigualável, que atravessou gerações e que certamente ainda irá conquistar muitos fãs.

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