Os "rolezinhos" tem tomado conta do noticiário, atento, venho buscando entender essas manifestações, tentando escapar dos extremos que vão do mais rasteiro preconceito ao discurso planfletário.
Eu não vou perder meia linha falando da total incapacidade de nossa Polícia Militar em lidar com situações de tensão. O despreparo é claro e indiscutível e seja qual for a situação, infelizmente, a polícia é mais um elemento de tensão do que agente pacificador.
Chama mais minha atenção porém como as personagens públicas do país vem lidando com a questão.
Numa sucessão de posts através do twitter o Senador Aloysio Nunes tratou da questão com uma delicadeza e profundidade dignas de um hipopótamo em surto. Falou o que pensa como cidadão no seu inalienável direito de opinião, foi porém extremamente infeliz pela falta de sensibilidade política no bom e mau sentindo da expressão, afinal deveria elaborar mais sobre a questão e nem poderia ser tão sincero assim, afinal vivemos no país que para se ganhar eleição tem que ser na base do "paz e amor" como ensinou Duda Mendonça.
Como voz de oposição as palavras de Aloysio Nunes foram um fiasco total.
Do lado do governo a tragédia é ainda maior. Se Aloysio Nunes foi infeliz no papel de vovô revoltado com o netinho no shopping, o que dizer da Ministra da Igualdade Racial, Luiza Barros, colocando a questão no prisma brancos x negros?
Existe preconceito racial no país? Sim e muito, mas essa questão dos "rolezinhos" diz respeito ao fosso social brasileiro, mas nada tem de conotação racial. Será que só existem negros nas periferias?
A fala da ministra porém não é uma declaração apenas pessoal, longe disso é mais uma iniciativa no processo de divisão do país, é mais uma vez o tal do "nós" e "eles". É o mantra, "nós" os bons e os justos e "eles", todos os que ousam discordar, os maus sem consciência social, a "elite branca" na sua "lógica de Casa Grande e Senzala".
Se não existe sociedade no mundo que seja absolutamente unida, se qualquer sociedade tem sua divisão de classes, o que se fomenta deliberadamente no Brasil é uma radicalização desse processo e tudo isso a serviço de um projeto de poder.
Dos tantos sinais para os quais venho chamando atenção esse é mais um deles, talvez o mais preocupante.
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