sábado, 10 de dezembro de 2011

Vida de cachorro.


Acredito que cada um de nós é único, assim sempre fujo de generalizações, mas não há como deixar de aceitar que determinados grupos sociais tem cartacterísticas comuns entre si.

Se é assim, o mesmo raciocínio também vale, em linhas gerais, para homens e mulheres.

As mulheres (excecção feita as “mulheres frutas e afins”, kkk) são seres mais complexos e bem elaborados, portadoras da divina missão da maternidade, enquanto nós homens somos fundamentalmente bípedes falantes. Ok, uns mais falantes como esse que vos escreve.

A “Guerra dos Sexos” existe desde que o mundo é mundo, existem até livros dedicados ao tema.

Fruto dos nossos tempos, agora a disputa “Marcianos x Venusianas” chega as redes sociais.

Minha “timeline” é repleta de imagens e frases em alusão ao tema. Confesso que vejo nos “posts” masculinos um viés mais humorístico, enquanto as mulheres demonstram mais desapontamento em relação ao sexo oposto.

Se é assim, aqui vai minha fórmula para que as mulheres tenham mais sucesso com seus pares: trate seu companheiro como um cachorro. Ele é.

Nossos amigos caninos nos oferecem fidelidade e carinho basicamente em troca de casa, água e comida. Com homens não é diferente.

Todo cachorro preza a segurança e conforto de sua casinha. Um espaço arrumado e aconchegante deixará seu “pet" alegre e feliz, fazendo com que esse crie uma relação especial com seu cantinho.

Sirva água limpa e comida fresca para seu cachorro. Cuidando do Rex, sendo atenciosa com ele, você ganhará sua confiança e fidelidade, afinal por quem mais ele poderia criar esse vínculo se não por quem o trata bem?

Somos assim, básicos e previsíveis como cachorros, um pouquinho de atenção damos a pata, rolamos, deixamos até nossas donas nos colocar na coleira.

Ah…um último aviso: deixe sempre o portão aberto, ninguém foge de onde não se sente preso. Mesmo que seu cão saia para dar uma volta com outros amigos de matilha, ele sempre vai saber o caminho de casa, sempre vai querer voltar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Silêncio vergonhoso.

Depois de 42 anos de uma cruel ditadura eis que a “Primavera Árabe” derrubou definitivamente mais um regime, agora na Líbia.

Ainda martela minha cabeça a imagem de Muammar Kadhafi capturado e martirizado pelos rebeldes líbios. As imagens do ditador indefeso diante de seus algozes instantes antes de sua morte insistem em não abandonar meus pensamentos.

Longe de mim, escrever uma linha que seja em defesa Kadhafi, seguramente um dos piores seres humanos que já habitou o planeta. São inúmeros os relatos de casos de extrema crueldade sob sua responsabilidade direta e indireta. Assim como tantos outros ditadores na história, seu trágico fim era mais do que esperado.

Como cristão sou totalmente contra a pena de morte e sempre uso como argumento o fato de que o mais inocente dos homens foi condenado à morte, condenado a morrer na cruz.

Entendo que um estado soberano possa ter em suas leis a pena de morte. Se não aceito a pena capital como fato concreto, como fato legal ela é uma realidade de muitos países, alguns inclusive ditos desenvolvidos.

Nada jamais irá justificar o que os rebeldes fizeram com Kadhafi e ao assassiná-lo indefeso, igualaram-se em crueldade, principalmente por não lhe permitir julgamento justo.

Nesse episódio minha maior dúvida ainda é saber o que mais me choca: se a violência das imagens ou o atordoante silêncio público e midiático diante do linchamento covarde do ditador líbio.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pelo direito à imbecilidade.

Sou telespectador assíduo do CQC, assim estava sintonizado quando Rafinha Bastos fez a grosseira e infeliz piada envolvendo Wanessa Camargo. Na hora pensei: vai dar merd... 

Dito e feito.

Rafinha Bastos não é portador de nenhum tipo de mandato executivo, não pertence ao poder legislativo ou judiciário, muito menos é um líder religioso, ou algo equivalente, trata-se apenas e tão somente de um humorista. 

Para alguns Rafinha é um bom, excelente humorista, para outros um tipo pretensioso e pedante, para outros tantos um péssimo humorista... 

A piada de péssimo gosto feita por Rafinha despertou reações, natural. 

Nada a se estranhar que Wanessa Camargo, seu marido, familiares e pessoas próximas tenham se sentido ofendidas, podendo até, se assim entenderem, buscar o caminho legal para repararem o dano que entendam terem sofrido. Que se faça justiça se for o caso.

O que pra mim não parece natural é a virulência das demais reações.

A Veja, numa pretensa matéria jornalística, desancou Rafinha, classificando-o como o rei da baixaria. Pretenso jornalismo, já que é premissa de quem busca a verdade ouvir opiniões contra e a favor, o que definitivamente não foi o caso. 

Nas redes sociais na mesma linha da matéria a repercussão foi extremamente crítica com um inacreditável viés moralista.

O Brasil realmente precisa de um grande e aprofundado estudo. 

Como podemos eleger um palhaço como deputado e levar tão a sério um humorista? Como podemos conviver passivamente com toda sorte de escândalos e nos ofendermos tanto assim com uma (infeliz) piada?

Repercutindo a "reação pública" a Bandeirantes resolveu suspender Rafinha. Medida ao meu ver exagerada, bastaria uma nota de esclarecimento na linha: a piada foi de responsabilidade de seu autor, ao qual somos críticos, respeitando porém seu direito a livre expressão. Simples assim.

A sensação que tenho é que como uma jovem democracia ainda temos uma certa tendência à censura, parece que precisamos sempre de uma instância superior qualquer delimitando limites, nos dizendo o que pode e o que não pode, é como se ainda não tivéssemos consolidado em nossos valores sociais o direito à livre expressão.

Dias atrás através de sua Ministra Irany Lopes o governo pedia censura à peça publicitária onde Gisele Bundchen ensinava a maneira "certa" (de lingerie, kkk) de comunicar ao marido gastos extras. Segundo o governo a propaganda atentava contra a imagem da mulher. Que tal me deixar avaliar isso por minha própria conta, ou será que preciso do governo fazendo isso por mim?

Não bastasse isso, a mesma Ministra dias atrás interpelou a Rede Globo tentando interferir no roteiro da novela para que o personagem que agride a esposa fosse exemplarmente punido. Ok. Se o Estado não é capaz de garantir direitos na realidade pelo menos na novela, é isso? É mole? Alguém imagina um representante de um governo de um país desenvolvido agindo assim?

Fui um dos tantos brasileiros que lutou contra a tortura e a censura, vibrei com a Anistia, com "a volta do irmão do Henfil", pedi por democracia nas Diretas-Já e não vai ser um piada idiota que vai me fazer jogar tudo isso no lixo.

Que Rafinha Bastos seja livre para exercitar seu humor mesmo que por vezes de forma imbecil.

domingo, 20 de março de 2011

Teşekkür ederim Türkiye

Mustafa Kemal "Ataturk":
o Pai dos Turcos.
(Obrigado Turquia)

Enquanto o Brasil se curvava súdito de Momo, resolvi partir. Dessa vez meu destino foi a Turquia.

Após algumas horas de caos no aeroporto (como faremos uma Copa?) finalmente decolei.

Foram quase 12 horas de vôo direto para chegar em Istambul. Era a primeira vez que visitava um país asiático e de predominância islâmica. Dois coelhos numa só cajadada.

Minha primeira impressão foi a melhor possível, afinal Istambul tem um aeroporto de dar inveja, pelo menos o dobro do tamanho do Aeroporto de Guarulhos e seguramente muitas vezes melhor.

Ponte do Bósforo: unindo Europa e Ásia
O Estreito de Bósforo divide Istambul entre a parte européia e asiática. Se os pontos turísticos de Istambul estão na sua maioria na parte asiática, sugiro aos que pretendem visitar a Turquia ficarem, como eu, hospedados na parte européia (mais nova) que concentra a vida noturna

Istambul, diferente do que muitos pensam não é a capital turca (Ancara é a capital) e está para aquele país como São Paulo está para o Brasil.

Não bastasse toda riqueza histórica de Istambul, a cidade também possui também opções de bons restaurantes e compras para todos os bolsos. Desde Nisantasi, os Jardins de Istambul, até o Grand Bazar a 25 de março deles, vale gastar um tempo com compras em Istambul. Jantar no Reina garantirá um bom momento para se recordar, boa comida, boa frequência e um excelente ambiente.

Mercado Egipício: aromas, cores e sabores.
São inúmeros os pontos turísticos de Istambul, Grand Bazar, Mercado Egípcio, Santa Sofia, Mesquita Azul, Galata Tower, Cisternas Romanas, Bósforo etc.

A Turquia é um país de grande beleza natural e de história riquíssima. A Anatólia região da Ásia onde está a Turquia já viveu sob o domínio de várias civilizações a ressaltar gregos, romanos e otomanos.

Organizada como república a Turquia data de 1923, após três anos de guerra de independência.. Mustafa Kemal "Ataturk" liderou os turcos em seu processo de independência contra gregos, ingleses, italianos e franceses que ocupavam o país como resultado do desfecho da primeira guerra mundial.

Ataturk, o pai dos turcos, é definitivamente a mais respeitada e cultuada figura da Turquia. Sua imagem é onipresente, está desde bandeiras vendidas nas praças até as paredes das lojas e claro nas notas de Liras Turcas. Não é para menos, além de liderar seu povo na luta pela independência, Ataturk fundou uma república laica num país de maciça predominância islâmica algo único ainda nos dias de hoje.

Turquia: localização estratégica
A Turquia seria um excelente exemplo para o mundo islâmico ao separar estado de religião, porém ao invés disso torna-se cada vez mais uma isolada exceção. Apesar de toda atenção do Estado para a questão, já há quem aponte um desconfortável e perigoso crescimento do fundamentalismo islâmico em pequenas cidades do interior do país, assim como nos subúrbios de grande cidades como Istambul.

Numa lógica muito parecida com a do tráfico de drogas aqui no Brasil, o fundamentalismo islâmico florece onde falta uma presença mais marcante do Estado.

Questões como o movimento separatista curdo, o fundamentalismo crescente e a importância estratégica da Turquia como passagem entre os continentes europeu e asiático, fazem com que se aumentem as apostas de que no futuro (talvez próximo) o país passe por algum tipo de tensão. Torço para que não, mas confesso ter algum ceticismo...

Voltando à viagem...

Ruínas de Éfeso,
ao fundo biblioteca.
Viajar pela Turquia é viajar pelo tempo. Para aqueles que gostam de aprender história "in loco" visitar as ruínas de Éfeso se torna um programa imprescindível. As ruínas falam muito de sua época e apresentam um raro estado de conservação.

Seja como peregrino, seja apenas como turista, próximo à Éfeso pode-se visitar o que creêm ter sido uma casa habitada por Maria em sua passagem pela Anatólia após a crucificação de Jesus Cristo.

Depois de Éfeso parti rumo a Capadócia onde me deparei com um cenário de rara beleza natural, ainda mais quando contemplada num vôo de balão. Por €170,00 pode-se comprar esse sonho que pode durar até uma hora. Uma simples caminhada pela calçada oferece mais risco que esse vôo que é extremamente seguro. Para aqueles que possam ter medo sugiro que se superem e façam o passeio, fiquem certos que valerá a pena e terá sido uma das maiores emoções de suas vidas. Comigo foi assim.


Depois de sobrevoar a Capadócia com suas formações rochosas tão peculiares era hora de voltar para Istambul o que fiz a partir de Ancara a capital.

Malzoléu de Ataturk
De minha breve e proveitosa passagem por Ancara ressalto a visita ao malzoleu de Ataturk, uma espécie de Lincoln Memorial versão turca, assim como a visita ao museu das civilizações que permite uma boa visualização da "timeline" da Anatólia e das civilizações que a dominaram.

Como em toda boa viagem acabou ficando um gostinho de quero mais. Visitar as ruínas de Tróia e outras localidades no verão devem valer mais uma visita à Turquia, quem sabe um dia?

Güle güle (Tchau)

Notas:


Tina:
A melhor guia do mundo
a) Agradecimento a guia Tina da Meridien Tours que fez de minha viagem uma experiência ainda mais agradável e enriquecedora;

b) Se pode com facilidade usar Euros na Turquia numa conversão rápida de 1 para 2;

c) É fácil pensar em liras turcas, os preços são praticamentes equivalentes em real;

d) A água de torneira não é potável, só beba água mineral;

e) O turco, via de regra, é simpático aos turistas, especialmente com brasileiros, assim aprender uma ou duas palavras chaves como obrigado e bom dia pode aguçar ainda mais essa simpatia já natural aos turcos;

f) É impossível, pela riqueza histórica do país, conhecer a Turquia por conta própria, assim prepare-se para uma viagem num ritmo alucinante, sem descanso e com hora pra tudo, mas que ainda assim vale muito a pena;

g) A Turkish Airlines tem uma tripulação excelente, todos muito simpáticos e atenciosos, bem diferente da maioria das companhias aéreas, especialmente as americanas. Chegar bem cedo para o "check in" pode render um bom upgrade a preço de banana;

h) Encontrei a melhor turma possível nessa viagem. Muito obrigado a todos vocês, especialmente ao Fernando Gosling e sua linda família, ao Fabio Gomes e a Clarrise, aqui de Sampa, ao Pereira, Mariana, Edu e Manoela, povo de São Luiz do Maranhão, gente séria, trabalhadora, diferente de uns outros famosos daquele pedaço do Brasil.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mimi (sobre o que é o amor...)

Desde que nascemos vamos montando o mosaico de nossas convicções.

O certo e o errado, o bom e o mau, aquilo que é gostoso e o quiabo, vamos colocando as coisas nos seus devidos lugares.

Assim firmamos nossas certezas sobre esse ou aquele tema. Quão mais longa é nossa jornada, mais esses valores se cristalizam em nosso íntimo, muitos deles tornando-se parte fundamental do que somos.

Raul disse um dia que preferia ser uma metamorfose ambulante do que ter uma velha opinião formada sobre tudo. Sábias palavras (dentre tantas outras).

Cresci (como a grande maioria dos meninos) tendo entre meus grandes amigos alguns cães.

Teddy foi um deles. Lindo, negro, um genuíno vira-lata. De porte médio, mas com tamanha altivez que nem desconfiava de sua origem assim não tão nobre. Lembro orgulhoso do dia em que ele colocou Marfim, o bacana do pedaço, pra correr.

Os anos se passaram e cresci amando os cães e, digamos assim, sem o mesmo apreço (nenhum na verdade) pelos gatos.

Afinal de contas "o cão é o melhor amigo do homem", enquanto os gatos "não pertencem a ninguém, são seus próprios donos, só fazem o que querem".

Meu filho mais novo, o Kike, é o diferente daqui de casa. Enquanto a humanidade vive sob o domínio da Microsoft, ele é um applemaníaco (talvez o maior deles). Enquanto todos buscamos algo para crer ele se sai com uma dessas, justificando seu ateísmo:

- Quanto mais sabemos pai... menos acreditamos.

Kike um dia resolveu: queria um gato. Um gato?

A casa entrou em guerra. Eu não gostei da idéia, enquanto o irmão detestou imaginar um bichano pela casa.

Kike come o mingau pelas beiradas, nunca queima a boca e sempre consegue o que quer.

Com o gato não foi diferente e quando me dei conta lá estava o Mimi andando pela casa.

Bom, deixando a originalidade do nome de lado, Mimi estava entre nós.

De início já fui impondo limites "inegociáveis". No meu quarto nem pensar, se viesse se esfregar em mim bateria um penalti tendo sua cabeça como bola etc.
O "predador" em ação

Mimi foi chegando como quem não quer nada, assim como seu irmão Kike, e tomando conta do pedaço, conquistando-nos um a um, até mesmo seu irmão mais velho que insisti em chamá-lo apenas de "gato" numa tentativa frustada de manter a imagem de durão.

Lembro do dia em que, pela primeira vez, ele veio me receber quando eu chegava do trabalho, igualzinho como meus filhos faziam quando crianças.

Pela porta entreaberta pude ver ele olhando e vindo em minha direção. Ligou seu motorzinho e não sossegou até ter minha atenção e carinho.

Realmente o convívio com o Mimi me mostrou que ele não tem dono, que carinho ele faz e recebe quando quer. Mimi tem vontade própria e se não fala nossa língua, fala com o olhar como poucas pessoas são capazes e acredite é capaz de sentir meu estado de espírito como ninguém. Se estou pra baixo, não me falta um carinho seu.

Preguiça de dar inveja
Além do afeto que despertou em mim, Mimi também me mostrou que existe alguém mais preguiçoso que eu e o Dorival Caymmi.


Por crer que nada na vida é obra do acaso, acredito que a missão de Mimi em minha  vida é mostrar que nunca devemos ser assim tão reféns de "velhas opiniões formadas sobre tudo" , principalmente, "sobre o que é o amor".