Se a candidatura de Tiririca deu o que falar sua eleição então...
Durante o processo eleitoral levantou-se a possibilidade que Tiririca não fosse alfabetizado, não sendo assim elegível.
O registro da candidatura exige apenas uma declaração de próprio punho como forma de comprovar a alfabetização do candidato. Com as atenções voltadas para Tiririca surgiu então essa dúvida, mas e os demais eleitos todos são de fato alfabetizados?
Durante essa semana submeteram Tiririca a um inédito teste de alfabetização, do qual não se sabe bem ainda o resultado até por que “alfabetizado” é um termo que pode ganhar uma razoável dose de subjetividade, afinal entre ler e interpretar um texto existe um fosso colossal a ser transposto.
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Tiririca Free! |
Além da questão sobre ser ou não alfabetizado, recai sobre Tiririca a acusação de que teria cometido crime ao supostamente forjar uma declaração de próprio punho.
Esse episódio nos traz uma série de constatações e possíveis reflexões.
Quanto à autoridade eleitoral fica a dúvida: qual o motivo (já que é necessária alfabetização) dos candidatos não serem previamente submetidos a um teste padrão constatando previamente se são ou não aptos a se elegerem?
É verdade que o ENEM tem nos demonstrado que realizar exames em grande escala parece não ser nosso forte, mas ainda assim me parece ser o meio mais razoável e justo para essa questão.
Do Ministério Público, uma vez que contesta a veracidade da declaração de Tiririca, se espera um tratamento equitativo fazendo um levantamento generalizado de todos os candidatos eleitos ou não. Será que somente Tiririca burlou a declaração, se é que o fez?
Ora será que o mesmo Ministério Público é tão rigoroso com as “taxas de sucesso”, com os “recursos não contabilizados” ou mesmo com as recentes “inconsistências contábeis”?
A grande reflexão, porém não diz respeito aos procedimentos da autoridade eleitoral ou sobre a conduta do Ministério Público e sim para qual de fato é a vocação democrática de nossa sociedade.
Pau que bate em Chico tem que bater em Francisco, ou se aplica a lei a todos os candidatos, ou que se dê voz às urnas...
Ora, vexatória ou não, a eleição de Tiririca, antes de legal é legítima, é reflexo de nossa sociedade, de nossa desesperança, de nossa cidadania e educação (ou falta delas).
Impedir a posse de Tiririca é calar seus 1.350.820 eleitores, “abestados” ou não, eles merecem serem ouvidos.